Estratégias para Promover a Iniciação Científica

Autores

Angela Meneghello Passos
Instituto Federal do Paraná
Ariela Oliveira Holanda
Instituto Federal do Paraná
Jefferson Sussumu de Aguiar Hachyia
Instituto Federal do Paraná
Leonardo Carmezini Marques
Instituto Federal do Paraná

Sinopse

 Ao realizar uma reflexão a respeito do ensino de ciências desenvolvido no Brasil, na educação básica, observa-se que esse vem sendo alvo de constantes debates e críticas, muitas dessas motivadas pelos resultados obtidos por estudantes em testes de larga escala, como o ENEM e o PISA, que são promovidos pelo governo federal e por organizações internacionais, respectivamente.  Ainda que a avaliação da qualidade do ensino não deva se restringir aos resultados desses testes, o desempenho dos estudantes brasileiros de ensino médio encontra-se abaixo do esperado pelo Ministério da Educação.

  Além disso, um possível desinteresse no aprendizado de ciências pode ser resultado das perspectivas de ensino adotadas pelos professores. Por exemplo, um ensino tecnicista e conteudista não confere aos estudantes chances de exercerem seu protagonismo e, tampouco, de aprimorarem sua visão científica de fatos que estão presentes em seu cotidiano.   Diante das possíveis limitações de formas de ensino tecnicista e conteudista, frequentemente adotadas no ensino básico, bem como da possível falta de interesse dos estudantes pelo aprendizado de ciências, que parece resultar em baixos desempenhos em testes de larga escala, surge o seguinte questionamento: Como poderiam ser planejadas e promovidas ações pedagógicas capazes de motivar o estudante a assumir o protagonismo da aprendizagem, culminando no desenvolvimento de sua alfabetização científica?

  Na busca de uma resposta para essa e outras questões relacionadas ao ensino de ciências, um grupo interdisciplinar, composto por quatro professores das áreas de matemática, psicologia, química e física, se propôs a planejar e desenvolver com estudantes do ensino médio técnico, atividades pedagógicas que conduzissem à vivência de uma pesquisa científica. Após planejarem essas  ações pedagógicas e desenvolverem-nas por três anos, o grupo de docentes, teve a ideia de estruturar os planejamentos  construídos para cada aula e reuni-los neste livro, que tem por objetivo colaborar com o desenvolvimento da iniciação científica na educação básica.

  O conteúdo presente neste livro é parte do material utilizado pelo grupo de professores para ministrar um componente curricular do primeiro ano do curso de Técnico em Biotecnologia integrado ao Ensino Médio, do Instituto Federal do Paraná - IFPR, campus Londrina. Cada unidade corresponde ao planejamento para um encontro. Esse componente curricular, intitulado “PROJETO I”, tem duração anual, com carga horária semanal de três horas, organizadas em um único encontro semanal, e tem como objetivo promover o desenvolvimento do pensamento científico, crítico e criativo por meio da vivência de uma pesquisa científica e de sua divulgação.   

O grupo de professores adotou, na construção das unidades que compõem esta obra, uma postura pedagógica que possibilitasse aos estudantes vivenciarem uma experiência científica de fato. Os docentes acreditam que, para aprender os passos de uma pesquisa científica, nada melhor do que realizar uma pesquisa. Ou seja, as ações desenvolvidas visam estimular os estudantes a identificarem problemas envolvendo um tema de seu interesse cotidiano e, a partir disso, iniciarem uma pesquisa em grupo, buscando possíveis respostas que esclarecessem o problema proposto por eles próprios.

  A adoção dessa proposta pedagógica trouxe alguns desafios aos professores. O primeiro está relacionado ao compartilhamento da gestão da classe e do conteúdo com outros docentes, pois todas as atividades didáticas foram sempre planejadas e ministradas em conjunto pelos professores das diferentes áreas. O segundo desafio está relacionado com a posição que o docente ocupa dentro desse processo, visto que, se os estudantes ocupam o lugar de protagonistas, os professores devem se portar como orientadores que medeiam os processos de aprendizagem, e não como transmissores de conhecimentos.

Diante dos desafios mencionados, as ações que estruturam cada unidade precisaram ser planejadas, executadas e avaliadas constantemente quanto à sua potencialidade de ensino e de aprendizagem. Essa avaliação ocorreu de várias formas, sendo que a mais recorrente foi o método de reflexão coletiva. Após cada encontro semanal, os professores realizavam uma reflexão a respeito das atividades desenvolvidas no encontro anterior. Esse procedimento fornecia subsídios para a construção das atividades do encontro seguinte.   

Todas as motivações, os planejamentos e as reflexões da equipe docente resultaram nas trinta e quatro unidades que fazem parte deste livro. As unidades são nominadas e estruturadas a partir de uma pergunta norteadora que conduziu todas as ações pedagógicas nelas descritas. Ações essas que se dividem em duas partes, pois foram pensadas para serem executadas em dois momentos intercalados por quinze minutos de pausa: parte I - uma hora e trinta minutos; parte II - uma hora e trinta minutos.

Cada uma dessas partes apresenta perguntas orientadoras específicas e objetivos a serem atingidos pelos estudantes, seguidos de uma descrição de como os professores deveriam se portar na condução das ações propostas. Ao final da segunda parte, encontra-se o tópico “O que foi visto no encontro de hoje?”, o qual pode ser utilizado para que os professores retomem os pontos principais e os objetivos do encontro. Também, no final da segunda parte, todas as unidades trazem a questão: “O que temos para o próximo encontro?”. Essa parte tem por objetivo orientar os estudantes nas atividades a serem desenvolvidas além dos encontros semanais.   

Diante da estrutura deste livro, acredita-se que ele possa colaborar não apenas para nortear ações pedagógicas que apresentem os passos de uma pesquisa científica, mas também para incentivar professores a proporcionarem ambientes que sejam capazes de desenvolver a alfabetização científica dos estudantes, confrontando-os com problemas autênticos nos quais a investigação científica seja condição para resolvê-los.

 

Angela Meneghello Passos

Ariela Oliveira Holanda

Jefferson Sussumu de Aguiar Hachyia

Leonardo Carmezini Marques

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Publicado

6 May 2021